Apneia obstrutiva do sono no Adulto

Estima-se que a Síndrome da Apneia obstrutiva do sono (SAOS), tem prevalência de 4% nos homens a 2% nas mulheres, entre 30 a 60 anos de idade. Dessa forma, é necessária uma enorme atenção, tendo em vista a quantidade de morbidades neurocognitiva e cardiovascular que pode acometer essa população.

Além dos sintomas de apneia ou hipopneia, outros sintomas diurnos como alterações cognitivas, sonolência, estresse e depressão, afetam a qualidade de vida do adulto, levando-se em conta que ele irá realizar todas as suas atividades diárias com menor atenção e consequentemente com maior risco.  De acordo com o professor do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e chefe da disciplina de Medicina e Biologia do Sono, Marco Túlio de Mello, entre 27% e 32% dos acidentes de trânsito no mundo são provocados por motoristas que dormem na direção, responsáveis também por 17% e 19% das mortes no asfalto. (ESTADÃO, 2008)

Dessa forma, pode-se correlacionar o impacto que rotinas de sonos ruins pode provocar na qualidade de vida da população. Além disso, outros estudos demonstram que o ronco, sintoma que também pode estar presente em casos de apneia, é um forte responsável pela separação de casais, tendo em vista que ele pode interferir na noite de sono do casal, considerando-se que o ronco pode alcançar até 90 decibéis. O livro “Guinness Word Records”, registrou o ronco de maior intensidade do mundo, emitido na Inglaterra em 1984, que alcançou a marca de 87.5 decibéis, equivalente ao ruído produzido por um trem em movimento

Diversos fatores podem predispor essa doença: idade, sexo masculino, menopausa, obesidade, doenças endócrinas e características do estilo de vida como tabagismo, alcoolismo e consumo de sedativos. Além disso, a morbidade e mortalidade devido apneia obstrutiva do sono já está se associando a Diabetes tipo II, Doenças cardiovasculares e doenças cerebelares, sendo elas mais frequentes entre os adultos e idosos.

O tratamento é iniciado com o objetivo de promover uma ventilação e oxigenação noturnas normais, diminuir ou abolir o ronco, eliminar a fragmentação do sono. Para isso, são utilizadas estratégias como a higiene do sono, postura corpórea adequada, evitando a posição de decúbito dorsal horizontal, perda de peso, abstinência do álcool e suspenção de sedativos. Além disso o tratamento de doenças de bases como o hipotireoidismo, rinites e causas de obstruções nasal.

Somado a isso, o uso de fármacos que auxiliam na ventilação. O uso de dispositivos para a manutenção de via área patente como o uso de máscara para a pressão positiva contínua na via área (CPAP), é uma alternativa, além disso o uso de dispositivos de utilização intra-oral, sendo aparelhos reposicionadores mandibololinguais, em casos de apneia leve. Os tratamentos cirúrgicos como a traqueostomia, sendo essa mais utilizada em casos de obesidades mórbidas; cirurgias para a correção de anomalias nasais; Uvulopalatofaringoplastia, sendo essa muito comum e com finalidade de remover o tecido redundante do palato mole juntamente com a úvula.

A intervenção fonoaudiológica consiste em adequar aspectos anátomo-morfológicos e anátomo-funcionais dos órgãos fonoarticulatórios, que nessa doença podem apresentar alterações. Dessa forma o fonoaudiólogo pode intervir na reeducação das funções dos músculos linguais, com alterações desencadeadas, adequar a forma e função dos grupos musculares que interferem no bom desempenho do sistema estomatognático, aumentar a força muscular, promover posturas que favoreçam um funcionamento mais adequado. Além disso, são utilizados exercícios de relaxamento e respiração, exercícios específicos para estimular e adequar as funções do sistema estomatognático e exercícios orofaciais e articulatórios.