Apnéia do Sono na Infância
Afetando a qualidade de vida das crianças
A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) em crianças foi descrita pela primeira vez em 1892, pelo médico canadense William Osler. Entretanto, esse estudo só tornou sistemático a partir da década de 1970. A prevalência em crianças é de 0,7 – 3%, com pico de incidência nos pré-escolares, sendo que fatores anatômicos e funcionais predispõem a essa síndrome.
A qualidade do sono na infância é de extrema importância para a promoção do bem-estar, do desenvolvimento intelectual, para a solidificação do aprendizado, para o desenvolvimento mental e a segurança de uma vida adulta mais saudável. Segundo a Academia Americana de Medicina do Sono, um sono de má qualidade pode afetar negativamente não só no desenvolvimento escolar das crianças, como também gerar graves distúrbios emocionais, comportamentais e retardo no crescimento.
A doença na infância é identificada por episódios frequentes de obstrução completa ou parcial das VAS durante o sono, o que pode gerar quadros de hipoxemia, ou seja, diminuição da quantidade de oxigênio distribuída pelo organismo, e hipercapnia, aumento de gás carbônico no sangue.
As doenças respiratórias tornaram-se uma importante causa de mortalidade infantil e de grande preocupação para a medicina, haja vista que os motivos estão associados a falta de cuidado nos primeiros sintomas e as más condições de saúde.
Os achados fisiopatológicos demonstram o aumento da resistência da via aérea durante o sono, devido a combinação entre a hipertrofia dos tecidos moles, dismorfimos craniofaciais, fraqueza neuromuscular e/ou obesidade. É válido pontuar que, na infância, as crianças possuem essas estruturas imaturas.
A SAOS em crianças são mais comuns e mais prolongadas durante o sono REM. Dessa forma, quando não tratada, pode gerar morbidades sérias que afetam o sistema nervoso central, sistema cardiovascular, sistema metabólico, crescimento somático e ainda quando há hipóxias intermitentes durante o sono, pode induzir a elevação da pressão arterial sistêmica e pulmonar, o que pode levar a uma disfunção ventricular direita.
A escolha para o tratamento deve ser de acordo com a etiologia, gravidade da apneia e as opções terapêuticas mais viáveis. Considera-se a adenotonsilectomia como a primeira linha de tratamento quando existe hipertrofia adenotonsilar, comum durante a infância. Se após a intervenção cirúrgica não houver melhora do quadro, possivelmente a SAOS é decorrente de fatores neuromusculares e dinâmicos, sendo muito comum em crianças que possuem hipotonia generalizada, como por exemplo, portadoras de Síndrome de Down ou em crianças que apresentam obesidade, sendo assim, necessitam de um tratamento adicional após a cirurgia.
Aparelhos ortodônticos são utilizados em determinadas alterações craniofaciais a fim de reduzir a resistência de via aérea e melhorar a eficácia da função neuromotora, tanto para o avanço mandibular em casos de retrognatismo, quanto em problemas de mau posicionamento mandibular. Além disso a utilização de aparelhos reposicionadores mandibulolinguais. Entretanto, é necessário que a haja participação da fonoaudiologia, tendo em vista, adequar aspectos anátomo-morfológicos e anátomo-funcionais dos órgãos fonoarticulatórios, tendo atenção especial ao público infantil devido à falta de maturação e estabilidade dessas estruturas.
Entretanto, quando ocorre falhas no tratamento ou em casos mais graves, pode ser feito uma cirurgia craniofacial. Enquanto não é executada, para segurança e alívio do paciente, é realizada a traqueostomia. Além disso, levando-se em conta as medidas subjacentes que terão que ser alcançadas, como a perda de peso da criança, quando apresentam sobrepeso ou obesidade, o tratamento da asma, rinite alérgica, distúrbios da tireoide e refluxo gastroesofágico, para que ocorra melhores resultados no tratamento da SAOS.
Referências:
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